O blá blá blá de domingo

Típico almoço de domingo. Assunto em pauta: política local. Greve dos estudantes, dos rodoviários, dos kombeiros, dos taxistas... ufa! Prefeito Amazonino mais falado que Ronaldo Fenômeno. Em questão, a má administração do Negão, com todo o respeito.

Lá se foram 120 dias que, segundo o prefeito de Manaus, seriam necessários para resolver os problemas da água, dos buracos nas ruas, dos professores e o que mais houvesse.

'Nunca vi tantos problemas em 5 meses', disse meu tio Sabá. Ele falou que está faltando água mais do que nunca. Veio outro tio, o tio Jener. Ele disse que os buracos se ligaram um ao outro e viraram crateras.

A discussão, fervorosa diga-se de passagem, continuava sem parar. Em pauta, a educação e os alunos de terceira série que não reconhecem nem as vogais. Fizeram o balanço entre a educação privada e a pública. Como exemplo, meu primo de três anos de uma escola particular de Manaus que sabe: avião começa com 'a' e não com 'e'.

A coisa ficou braba. Veio outro tio, agora o tio Jander. Ele defendeu uma melhor administração dos professores que, segundo ele, têm grande participação no péssimo desempenho dos alunos da escola pública. Foi aí que minha mãe entrou no jogo. 'Me propus a passar mais meia hora pra alfabetizar os alunos do terceiro ano e eles perguntaram por que não podiam ir embora', desabafou a tia Eliane, minha mãe.

O tio Sabá, no mesmo espírito de inconformação, falou 'eu digo aos meus alunos: estamos em último lugar em educação no Brasil e vocês querem ir embora mais cedo?'.

Por aí se seguiu a discussão que foi parar na secretária da Semef (Secretaria de Finanças e Controle Interno), Maria Helena Alves Oliveira que anda chacolhando a Prefeitura com novas medidas.

E assim a conversa do almoço entrou pela tarde.Se ficássemos mais um pouco na casa da vovó Terezinha, provavelmente assaríamos mais um peixe, agora para o jantar.

Devo dizer: sinto orgulho das pessoas que não estão com os olhos vendados, pelo menos não tanto.